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Comparativo: Vatapá X Nacho


Fiesta Sedan Flex 1.6 X Fiesta Sedan Street 1.6

   Rio de Janeiro, domingo ensolarado, ressaca de Natal... 11:30 da manhã e ainda estou na cama. Escuto ao fundo o telefone tocar, e ainda meio grogue atendo. Ao fundo uma voz empolgada, como a de um garoto que acabara de ganhar seu primeiro carrinho de controle-remoto sem fio me diz: “Roberto! Mahar vai testar hoje o Fiesta Sedan Flex 1.6, vamos com ele! Daí a gente compara o meu Sedan Street 1.6 com o Sedan Flex 1.6!”. Era Pierre. Ainda meio tonto, sem saber como operacionalizar a enorme gama de informações despejada em meus ouvidos logo ao acordar, lhe respondi: “Pierre, vou tomar café e te ligo mais tarde.” E assim o fiz, combinamos tudo, e às 15h dois Fiestas Sedan 1.6 rasgavam a Washington Luiz (Rio – Petrópolis), ávidos por uma calorosa subida de serra.

    Os carros em questão eram: um Fiesta Sedan Street 1.6 (2003), fabricado no México, terra do famoso petisco Nacho; e um Fiesta Sedan Flex 1.6 (2005), fabricado no Complexo Ford em Camaçari, Bahia, terra do condimentado Vatapá.

 
Fiesta Sedan Flex 1.6, Vatapá  X  Fiesta Sedan Street 1.6, Nacho.
 

    Nosso teste começou lento, pois ainda cruzávamos o município de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, que deixa o trânsito da estrada bem tumultuado. Mas assim que rompemos os limites municipais começamos, de fato, a avaliar o Fiesta Sedan Flex 1.6, rodando no álcool. O carro é bem macio, e confortável. Este que testávamos era completo: ar-condicionado, direção-hidráulica, travas elétricas, abertura elétrica do porta-malas, alarme, rodas de liga aro 14, um belo som Kenwood Ford, e plug para celular (uma espécie de viva-voz). Ou seja, estávamos a bordo de um carro completíssimo, top de linha. O Sedan Flex 1.6 se mostrou bastante silencioso, e muito macio. No tocante ao desempenho, este também nos deixou empolgados. O torque do motor Zetec RoCam 1.6 bi-combustível em baixas rotações é excelente, proporcionando boas retomadas até em quinta marcha. Fizemos toda Rio – Petrópolis na casa dos 140/150 Km/h, e em momento algum, o mais novo três volumes da Ford negou fogo. Suas respostas, sempre que exigido no acelerador, foram imediatas. O excelente torque em baixas rotações mostrou ser o grande trunfo desse motor, que sempre nos mostrava seu poderio com ultrapassagens seguras, e retomadas rápidas.


Zetec RoCam 1.6, bi-combustível, 111cv rodando com álcool.  

    Com esse mesmo espírito, de exigirmos tudo que o carro podia nos oferecer, iniciamos a subida da Serra de Petrópolis, aí meus caros, começaram os poréns. Os pneus Pirelli Cinturato P4 (175-65 / R14), que vêm de fábrica com o Sedan Flex são nada milagrosos, mas dão conta do recado direitinho. Subimos a serra de forma calorosa, afim de testarmos o acerto de suspensão do Sedan Flex 1.6. A suspensão é boa, sua maciez em prol do conforto não compromete muito nas curvas, mas deixa marcas claras. Sempre que exigido em situações extremas, o Sedan Flex mostrou uma vontade, embora meio camuflada, de deixar a traseira escapar. Mas como disse, isso ocorreu em situações extremas! De uma forma geral o carro, apesar de balançar em algumas curvas, se mostrou confiável. Isso se deve ao fato do regime de engorda que a Ford lhe submeteu. O Fiesta Sedan Flex, ficou mais alto, mais pesado, e teve sua suspensão amaciada. Logo seu desempenho em curva piorou, se comparado ao Fiesta Sedan Street 1.6.


A bela traseira do Fiesta Sedan Flex 1.6. 

    Outros pontos fracos do Sedan Flex 1.6 foram: os assentos dianteiros são demasiadamente retos, logo quando se faz alguma curva mais fechada, há uma tendência do quadril tanto do motorista como do carona deslizarem um pouco no banco; a alavanca de câmbio é alta e o trambulador mostrou um pouco de imprecisão em altas rotações; por último, o excesso de plástico no interior do carro causa rangidos estranhos quando se passa em algum buraco.

    Mas de uma forma geral, o Fiesta Sedan Flex 1.6 se mostrou bastante confortável; e vivaz no quesito retomadas. O carro é muito bom! Seu porta-malas é espaçoso e de fácil acesso, bem como o porta-luvas. Seu design atual chama a atenção, é um carro muito bonito. Nossa única ressalva, mais séria, ficou no tocante às curvas; ele balança sensivelmente em algumas situações, e quando exigido ao extremo mostra uma tendência a sair de traseira. Porém nada assustador. O consumo, no álcool, ficou em torno de 7Km/L.


Ford Fiesta Sedan Flex 1.6 

    Chegamos em Petrópolis satisfeitos com o desempenho do carro, e com muita fome. Após um saboroso lanche, fizemos algumas fotos dos carros num belíssimo cenário; a serra que liga Itaipava a Teresópolis.

    Agora, a bordo do Fiesta Sedan Street 1.6, demos início à nossa volta ao Rio de Janeiro. A primeira diferença ficou evidente. A posição de dirigir no Sedan Street 1.6, nos dá a sensação de, literalmente, vestirmos o carro. Porém o Street não é tão confortável quanto o Flex. Seu espaço interno é menor; a posição dos comandos do vidro elétrico é desconfortável (os botões ficam do lado daquele porta-treco da porta), os vidros traseiros não têm acionamento elétrico.

    Apesar do  Fiesta Sedan Street 1.6 não ser tão confortável quanto o Fiesta Sedan Flex 1.6, a sua dirigibilidade é muito mais gostosa. A alavanca de câmbio mais baixa, e o trambulador preciso, proporcionam trocas de marcha rápidas, sem se perder muito giro. Em curvas o Sedan Street também foi melhor que o Sedan Flex, e se mostrou mais controlável em situações limite. Nas curvas o Sedan Street praticamente não balança, sua traseira fica firme o tempo inteiro. Isso se deve ao fato do Sedan Street 1.6 ser mais leve que o Flex, e sua suspensão mais durinha. Assim ele mergulha nas curvas com muito mais firmeza. Proporcionando ao motorista uma tocada mais segura, e quiçá agressiva.


Ford Fiesta Sedan Street 1.6 

    No que diz respeito ao desempenho, o Flex tem mais torque que o Street. Mas essa diferença não é muito grande, andando lado a lado, o Street acompanha o Flex com certa tranqüilidade, mas perde em retomadas, e possivelmente em final também. A velocidade máxima que atingimos tanto no Flex 1.6 como no Street 1.6, foi 180km/h. Com a ressalva de que o Street demorou um pouco mais pra atingir essa marca. Faz-se necessário dizer, que o Sedan Flex 1.6 é limitado à 190Km/h, por questões de segurança ligada aos pneus. Não fosse por isso ele certamente romperia a barreira dos 200Km/h, coisa que o Street não faz. Mesmo tendo atingido neste teste, com o Street Sedan 1.6 a marca de 180Km/h, tenho consciência de que ele vai além disso, mas não muito, creio que sua final fica na casa dos 190Km/h. Quanto ao consumo, o Street 1.6 se mostrou bem econômico ficando na casa dos 10Km/L na cidade, e 12/13Km/L na estrada (andando de pé trancado o tempo inteiro).


Zetec RoCam 1.6, gasolina, 95cv. 

    Enfim são dois grandes carros. Diria que se equivalem, pois apesar do Fiesta Sedan Street 1.6 não ser tão confortável como o Sedan Flex 1.6, ele nos proporcionou uma tocada muito forte e segura. E assim finalizamos nosso teste: com uma chuvinha fina sobre os pára-brisas dos carros, o cansaço se abatendo sobre nós, e a certeza de que valeu a pena ter acordado às 11:30 com aquele famigerado telefonema.

Vatapá e Nacho, dois pratos deliciosos! Qual agrada mais o seu paladar?

Texto e fotos:
Roberto Vilela Elias (Roberto-RJ / Organizador FordHP-Rio).

Agradecimentos:
José Rezende Mahar (Mahar Press).
Pierre Alain Armengaud.
Rodrigo Vilela Elias.

Proibida a reprodução do texto e das fotos sem autorização.

27/12/2004.

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